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Mosca-dos-estábulos : como controlar ?

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/08/2012

A “mosca-dos-estábulos” tem causado grandes prejuízos econômicos na cadeia produtiva da pecuária bovina em alguns estados brasileiros.

O surto ocorrido recentemente no município de Santa Rosa do Viterbo (SP) não é fato isolado e já ocorreu em outros anos e em diversas regiões do Brasil.

Dentre os fatores que favorecem a reprodução dessas moscas estão as regiões de produção animal, de produção canavieira com o cultivo de vinhaça e vinhoto, de plantações de laranja ou outras culturas em que se use o resíduo da cana ou esterco de animais - principalmente granjas avícolas ou de suínos - e ainda pela falta de orientação aos produtores sobre o ciclo de vida da mosca.

O ciclo de vida da mosca dos estábulos varia de 12 a 60 dias, e está diretamente relacionado às características climáticas da região. Uma fêmea adulta pode produzir até 632 ovos, fazendo mais de 20 posturas em toda a vida.

Depois de depositados pelas fêmeas em matéria em decomposição, os ovos eclodem de um a quatro dias, podendo se prolongar em ambientes de baixa temperatura ou ser reduzido em locais de temperaturas mais altas.

Após a eclosão, as larvas se alimentam de material orgânico vegetal e amadurecem num intervalo de seis a 30 dias. A pupação pode durar até 10 dias, estando diretamente relacionada à temperatura e à umidade as quais as pupas foram expostas.

Nos locais de temperaturas mais elevadas a mosca-dos-estábulos desenvolve-se continuamente, não havendo interrupção do ciclo de vida ao longo do ano. Geralmente, os adultos vivem por até um mês.

A alimentação da mosca leva aproximadamente três minutos, mas é constantemente interrompida em consequência da dor ocasionada por sua picada. Nos animais, além de transmitirem agentes potencialmente patogênicos, causam muito incômodo, anemia e queda da produção.

Medidas de higiene preventiva compõem 90% do controle dessa mosca. Em casos de problemas com estes insetos ou qualquer outro parasito, deve-se buscar sempre o suporte técnico veterinário atentando-se para especialistas na área.

O diagnóstico preciso das condições que proporcionam a reprodução das moscas bem como a retirada dessas condições são ações imprescindíveis ao sucesso do controle.

O uso inadequado de mosquicidas, uso de superdoses ou subdosagens e a falta de ação conjunta entre os fazendeiros acabam por dificultar o controle.

A destinação correta dos resíduos da produção agrícola e da pecuária é primordial para se evitar vários problemas ambientais e sanitários. As moscas são apenas um dos problemas da não destinação correta e do manejo incorreto de dejetos.

Para o controle da mosca, a redução da fonte onde ela se prolifera é de fundamental importância. Devem ser evitados potenciais criadouros com a remoção regular de camadas úmidas, feno, resíduos alimentares e resíduos dos estábulos.

As administrações de inseticidas à base de organofosforados e piretróides, na forma de aerossol/pulverização dentro e em volta dos estábulos e das instalações rurais proporcionam bom controle local.

Pode-se utilizar o cloreto de alquil dimetil benzil amônio (CB-30 T.A., diluindo um litro do produto em 2.000 litros de água) para a limpeza e desinfecção dessas instalações.

O controle químico nos animais pode ser feito com a utilização de produtos ectoparasiticidas organofosforados, como clorpirifós, diclorvós, diazinon, entre outros, associados ou não aos piretroides, como cipermetrina, deltametrina, administrados pela via pour on e pulverização.

No caso de produtos comerciais, a indicação é de usar o Cypermil Plus, diluindo um litro do produto em 400 litros de água. Após a diluição, é preciso misturar bem até perfeita homogeneização da calda, e, com auxílio de pulverizador manual ou elétrico, banhar toda superfície do animal (principalmente nas partes baixas, patas e abdômen), no sentido contrário aos pelos, utilizando aproximadamente de quatro a cinco litros de calda por bovino adulto.

Outro produto que também pode ser utilizado é o Colosso Pulverização. Cada litro do produto deve ser diluído em 800 litros de água limpa. Deve-se então banhar toda a superfície do animal (principalmente nas partes baixas, patas e abdômen), utilizando aproximadamente cinco litros de calda por bovino adulto.

Vale lembrar que os surtos são desequilíbrios ambientais e que causam grandes prejuízos aos produtores rurais. Portanto, seguir à risca as orientações técnicas, associando o controle físico, com limpeza, desinfecção do ambiente e manejo de esterqueiras, ao controle químico no animal e nas instalações rurais constitui um programa integrado eficaz no combate e controle desse parasito.



Fonte: Luciano Melo de Souza é médico veterinário da Unicastelo/ Daniela Miyasaka S. Cassol é médica veterinária da Ourofino Agronegócio