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Microrganismos: os agentes do bem

Editoria: Vininha F. Carvalho 13/04/2012

Eles são pequenos e imperceptíveis a olho nu e estão presentes em diversos ambientes. Os microrganismos são grandes ajudantes e necessários para dar vida, pois são responsáveis por transformar inúmeras substâncias em alimentos para plantas, animais e seres humanos.

A preocupação com os processos de degradação do solo tem aumentado perceptivelmente atualmente, pois diversos produtos tóxicos vêm se acumulando no ambiente e podem permanecer por muitos anos provocando, a curto e longo prazo, prejuízos a saúde humana e ao meio ambiente.

Os microrganismos do solo desempenham um papel relevante no processo de descontaminação natural dos ambientes afetados por tais substâncias.

Para o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI) e coordenador do projeto CTPetro Amazônia, Luiz Antonio de Oliveira, o monitoramento da comunidade microbiana por meio dessas variáveis pode ser utilizado como indicativo de qualidade do solo, podendo ser útil no descobrimento de mudanças nas populações microbianas, originadas de modificações ambientais de diversas causas, como a poluição por petróleo e seus derivados.

O solo pode receber quantidades consideráveis de petróleo e seus derivados que, em função da complexidade da sua estrutura química, da sua baixíssima solubilidade em água e da forte tendência de absorção, tornam-se resistentes e permanecem por longos períodos no ambiente, o que aumenta a possibilidade de exposição de humanos e animais a esses compostos.

As áreas de prospecção de petróleo, como qualquer outra indústria, apresentam riscos e estão sujeitas a acidentes que acontecem durante o refinamento, transporte, armazenamento e aqueles ocorridos durante a exploração, que são responsáveis por grande parte da poluição ambiental.

“Uma estratégia encontrada para a eliminação do petróleo e seus derivados dos solos contaminados, é através da biorremediação, que é a utilização de processo ou atividade biológica para transformar os contaminantes em substâncias inertes”, expõe o pesquisador.

A Biorremediação vem sendo utilizada há vários anos em outros países e, em certos casos, apresenta menor custo e maior eficiência na remoção dos contaminantes do que as técnicas físicas e químicas.

“A biodegradação do petróleo e seus derivados por microrganismos naturais do ambiente apresenta-se como um mecanismo primário de degradação, pelo qual os poluentes são eliminados do meio”, explica.



Pesquisa e resultados:

A dissertação de mestrado em Biotecnologia e Recursos Naturais da aluna Alessandra de Oliveira Mari, pelo programa de pós graduação pela Universidade do Estado do Amazonas (UEA), teve como objetivo avaliar a capacidade da microbiota do solo de floresta nativa e de árvores frutíferas em degradar gasolina e óleo diesel.

Oliveira, orientador da pesquisa, explica que foram coletadas quatro amostras de solo de floresta nativa na Base de Operação Geólogo Pedro de Moura, em Urucu (Coari) e quatro amostras de plantas frutíferas (cupuaçu, graviola, camu-camu e araçá-boi) da Comunidade do Brasileirinho, em Manaus, visando avaliar a presença e isolar culturas microbianas com potencialidade para degradar gasolina e óleo diesel.

“Todas as amostras de solos rizosféricos (camada profunda do solo) apresentaram microrganismos capazes de usar gasolina e óleo diesel como fonte de carbono”, disse o pesquisador.

A adição de gasolina ou óleo diesel às amostras de solos de floresta nativa e de espécies frutíferas proporcionou aumentos substanciais nas populações de microrganismos. Os resultados demonstraram que as amostras de solo de floresta nativa de Urucu apresentaram microrganismo capazes de consumir gasolina e óleo diesel.

“As amostras de solos rizosféricos de cupuaçu, camu-camu e araçá-boi apresentaram microrganismo com maior potencial de degradar gasolina, com exceção do solo rizosférico de graviola que apresentou crescimento substancial com a adição de óleo diesel.

Todas as amostras enriquecidas com gasolina e óleo diesel apresentaram crescimento microbiano significativo já nos primeiros sete dias de enriquecimento, indicando que num eventual derramamento de petróleo nessas áreas, seus microrganismos serão capazes de reverter o dano ambiental”, explicou Oliveira.

Fonte: Jéssica Vasconcelos/CTPetro