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Pesquisa avalia efeitos das mudanças climáticas na população de tambaquis

Editoria: Vininha F. Carvalho 09/03/2012

Com intuito de aprofundar estudos sobre uma das mais importantes espécies para a piscicultura na Amazônia e no Brasil, o projeto intitulado "Crescimento do tambaqui em cenários de mudanças climáticas", coordenado pelo pesquisador e diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), Adalberto Val, e pelas pesquisadoras, Vera Almeida Val, e Alzira Oliveira, teve início em 2011 e analisa como as condições ambientais, daqui a cem anos, afetarão o crescimento das espécies de tambaqui.

Segundo os pesquisadores do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) Centro de Estudos de Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (Adapta), e do Laboratório de Ecofisiologia e Evolução Molecular (LEEM) do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), o objetivo do projeto é analisar os efeitos das condições ambientais a partir das previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para 2100.

“Nunca se testou o efeito dos cenários previstos para daqui a cem anos sobre organismos vivos porque é impossível recriar uma paisagem exatamente igual à que ocorrerá no futuro. Entretanto, podemos submeter os organismos vivos a uma atmosfera parecida”, explica a pesquisadora Vera Val.

A proposta da pesquisa se apoiou nas alterações ambientais que presenciamos atualmente em escala mundial, como o derretimento das calotas polares, tsunamis e outros eventos climáticos.

“Esses fenômenos podem se tornar preocupantes para a biodiversidade em cenários futuros, devido ao aquecimento global. E para a Amazônia, isto se torna ainda mais alarmante por ela estar situada no cinturão equatorial, por suas riquezas naturais e diversidade de espécies”, explicita a pesquisadora.

Clima poderá interferir no crescimento dos tambaquis:

Em relação à população de peixes, muitas espécies desenvolveram mecanismos adaptativos para sobreviverem às mudanças ambientais naturais, como o aumento do gás carbônico presente na água.

“Os experimentos que estamos realizando, nos chamados microcosmos, vão esclarecer à sociedade o que pode acontecer com organismos aquáticos submetidos a temperaturas mais elevadas e com níveis elevados de CO2, em cenários cuja umidade poderá ser maior ou menor”, esclarece Vera.

Com esse aumento da temperatura, o tambaqui, considerado uma espécie com grau de adaptação elevado para os diferentes ambientes em que é submetido, pode desenvolver perturbações fisiológicas que ocasionarão, entre outros desequilíbrios, uma inibição do seu crescimento, afetando toda população que o tem para consumo e sustento econômico.

“Se o aumento da temperatura e do CO2 resultar em diminuição do crescimento do tambaqui, a população ribeirinha será afetada negativamente pela redução na oferta de proteína dessa espécie”, expõe.

A pesquisadora explica ainda que o experimento começou fora do microcosmo, em tanques onde temperatura e o gás carbônico foram controlados apenas na água. A partir disso, deu-se início aos experimentos no microcosmo, onde a atmosfera é controlada.

“Podemos equilibrar a temperatura e o CO2 da água no microcosmo. Depois vamos expor os tambaquis a um período de tempo bem maior e verificar sua resposta fisiológica e zootécnica, como ganho de peso e crescimento”, resume.

“As populações de tambaqui ainda se apresentam com níveis de variabilidade genética bons na natureza. Entretanto, uma perda de habitat, causada por mudanças nas condições ótimas de seus ambientes, pode causar perdas de indivíduos menos adaptados, diminuindo o tamanho populacional”, explica Vera Val.

O que pode ser feito se um perigo de extinção vier assolar essa espécie tão apreciada pelos amazonenses é depositar, nesses locais, alevinos, que são larvas de peixes?

“Pode ocorrer o desaparecimento de tambaquis, onde o ambiente não é mais propício para eles, onde não há mais condições físicas apropriadas. Nesses lugares poderá ser realizado o repovoamento com alevinos provenientes de criação em cativeiro, que são criados especificamente para esse fim”, finaliza.

Fonte: INPA