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Pesquisadores realizaram um teste de resistência do carrapato frente aos carrapaticidas no Estado de São Paulo

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/11/2009

Na região sudeste o carrapato está presente ao longo de todo ano com maior prevalência nos meses mais quentes e úmidos, de setembro a abril.O uso de carrapaticidas é o principal meio de combate da praga há pelo menos 60 anos e, devido à insistente aplicação de drogas, foi inevitável o desenvolvimento de populações de carrapatos resistentes.

Atualmente, das sete classes de carrapaticidas registrados no Brasil, cinco estão comprometidas parcial ou totalmente pela resistência, dependendo da fazenda ou região.

Como agravante, a existência de populações resistentes, na maioria dos casos, leva a uma maior frequência de aplicações dos produtos, o que pode intensificar a resistência e provocar a presença de resíduos em níveis acima do tolerado em alimentos.

O Laboratório de Parasitologia Animal do Instituto Biológico (IB-APTA), órgão ligado a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, sob a coordenação da pesquisadora Dra. Márcia Cristina Mendes, em parceria com o Laboratório de Parasitologia Experimental e Aplicada do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, seis Pólos Regionais da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo e com o apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) realizou um levantamento inédito da resistência do carrapato do boi frente aos carrapaticidas usados nas regiões de São Paulo. O trabalho foi realizado nos anos de 2007 e 2008.

Foram acompanhadas pequenas fazendas de gado de leite no interior do estado. Inicialmente foi feito um questionário para verificar os métodos que o produtor usa para controlar o carrapato, como a escolha do carrapaticida, produtos usados, modo e freqüência da aplicação. Também foram coletadas amostras de carrapatos para verificar a resistência em ensaios de laboratório.

De acordo com o questionário aplicado, de forma geral, já foram utilizados todos os grupos químicos disponíveis para o controle do carrapato [organofosforados, formamidinas (amitraz), piretróides (cipermetrina e deltametrina), lactonas macrocíclicas (avermectinas) e os fenilpirazóis (fipronil)].

A maioria dos fazendeiros não possui critérios para a escolha do carrapaticida, seguem a indicação de vendedores ou vizinhos e faz o tratamento somente quando visualizam os carrapatos.

Para verificar a resistência foram realizados testes usando as larvas dos carrapatos, a fim de se obter o nível de resistência aos produtos mais utilizados para o seu controle.

Os resultados mostram que os casos positivos para carrapatos resistentes aos piretróides foi alta em todas as regiões analisadas, passando de 83,33% em 2007 para 100% em 2008 no caso da deltametrina e de 83,33% em 2007 para 84,21% em 2008 considerando a resistência a cipermetrina.

Para o organofosforado clorpirifós, os casos positivos foram de 50% em 2007 e 95% em 2008. Levando-se em consideração que a maioria das propriedades utilizou este produto durante o período do estudo, o aumento da prevalência da resistência já era esperado.

Para a ivermectina, a resistência ocorreu em 30% das fazendas analisadas no ano de 2007 e 56,25% em 2008. Possivelmente, o aumento da resistência a essa droga está ligado ao seu uso como alternativa aos demais carrapaticidas com resistência já desenvolvida. As lactonas macrocíclicas se caracterizam por apresentar um longo período de ação residual, chegando a 120 dias em alguns casos, fator que favorece a seleção de cepas resistentes.

Diante do estudo, os pesquisadores sugerem a realização anual cada do biocarrapaticidograma para verificar qual o produto mais indicado para o tratamento dos bovinos. Além disso, indicam que o tratamento seja feito somente nos animais mais sensíveis à infestação por carrapatos, quando os parasitos ainda se encontram na sua forma jovem (larvas e ninfas), lembrando de utilizar a dosagem correta do produto, aplicando-o por todo o animal, no caso da pulverização.





Fonte: Marcela Melo