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Mapeamento inédito identifica as áreas importantes para conservação de aves ameaçadas nas regiões da Amazônia, Cerrado e Pantanal

Editoria: Vininha F. Carvalho 20/01/2010

A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil – SAVE Brasil, representante nacional da BirdLife International, uma aliança global de organizações não-governamentais (ONGs) que tem um foco especial na conservação das aves e seus hábitats, lança, com o apoio do Museu de Ciências Naturais (FZB-RS), o estudo “Áreas Importantes para a Conservação das Aves no Brasil: Parte II – Amazônia, Cerrado e Pantanal”. Trata-se da segunda parte de um mapeamento que apresenta as IBAs (sigla em inglês para Áreas Importantes para a Conservação das Aves) no Brasil, e as espécies ameaçadas.

O estudo identificou 74 áreas com requisitos para serem reconhecidas como IBAs nos estados do Norte e do Centro-Oeste do país, o que representa cerca de 82 milhões de hectares que devem ser conservados para a preservação de aves ameaçadas nessas regiões.

Do total de IBAs, apenas 12 estão totalmente protegidas e 30 parcialmente protegidas (parte da área está sobreposta com alguma Unidade de Conservação), enquanto outras 32 áreas não contam com nenhum tipo de programa de conservação.

Para se chegar a esse número, mais de 60 profissionais, entre ornitólogos e biólogos, analisaram 450 áreas e consideraram cerca de 700 espécies.

Do número de espécies analisadas, 30 são classificadas como globalmente ameaçadas de extinção e 37 quase ameaçadas, enquanto outras 240 são espécies restritas aos Biomas estudados (endêmicas) ou com área de ocorrência menor do que 50 mil km2. Foram consideradas também 11 espécies migratórias e congregantes, para as quais a manutenção dessas áreas também é fundamental.

De acordo com Pedro Develey, diretor de Conservação da SAVE Brasil, a publicação do livro traz contribuições importantes para a conservação da biodiversidade das regiões Norte e Centro-Oeste, uma vez que os três Biomas analisados estão sob considerável ameaça em relação à destruição de hábitat e a consequente perda de espécies.

“As espécies de aves de uma determinada área são importantes indicadores do estado de preservação desse ambiente. Algumas espécies de aves apresentam distribuição bastante restrita, de forma que a destruição de uma área, ainda que pequena, pode causar a extinção de uma espécie. Além disso, se as áreas mais importantes para as aves forem conservadas, a contribuição para toda a biodiversidade da região será valiosa”.

IBAs somam 11% do território nacional:

Com o estudo dos biomas Amazônia, Cerrado e Pantanal a SAVE Brasil completa o mapeamento das áreas importantes para conservação de aves ameaçadas no Brasil. A primeira parte do trabalho, publicada em 2006, analisou os estados sob o domínio dos biomas Mata Atlântica, Caatinga, Pampa e parte do Cerrado, identificando 163 IBAs nessas regiões.

Agora, com o lançamento do segundo livro, o número de IBAs brasileiras sobe para 237, o que representa 94 milhões de hectares ou 11% do território nacional.

“Esses dados classificam o Brasil como um dos países com a maior extensão territorial dedicada a IBAs, número que infelizmente reflete a liderança em espécies ameaçadas, 122 num total de 1.882 espécies classificadas”, observa Develey.

De acordo com ele, do total das IBAs brasileiras, apenas 21% estão totalmente protegidas, 39% estão parcialmente protegidas e 40% não estão protegidas.

“Esperamos incentivar a elaboração de políticas públicas, como as Unidades de Conservação (UCs), para que essas áreas sejam preservadas, mas educação ambiental e conscientização também fazem parte do processo. As autoridades, ONGs locais e a população são atores-chave para esses resultados”, conclui.