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Inpa recebe filhote de peixe-boi apreendido em Coari

Editoria: Vininha F. Carvalho 04/12/2009

O Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) recebeu nesta segunda-feira (30/11) um filhote de peixe-boi apreendido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Coari (distante 363 quilômetros por via fluvial de Manaus) há duas semanas. O animal é uma fêmea de aproximadamente três meses com 89,5 centímetros de comprimento e 12 quilos.

De acordo com o fiscal da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Coari, Wagner Moreira, o filhote de peixe-boi estava amarrado pela calda a um pedaço de madeira ficando nas margens do rio Solimões, comunidade São José do Mato Grosso, em Coari, e foi encontrado pelos fiscais após denúncia anônima.

Ainda segundo Moreira, a mãe da filhote de peixe-boi teria sido morta alguns dias antes da apreensão e, conforme relatos dos comunitários, a intenção do ribeirinho que mantinha o animal preso era vendê-lo para um viveiro.

“O rapaz que estava com o filhote preso ouviu o barulho da nossa lancha e fugiu antes de chegarmos ao local. Os comunitários disseram para nossa equipe que a mãe do peixe-boi tinha sido morta dias antes e que o filhote seria vendido para os viveiros que comercializam peixes em Coari”, disse.

No Inpa, o filhote foi submetido pela equipe do Laboratório de Mamíferos Aquáticos (LMA) a exames físicos e médicos de rotina e depois amamentado. Para facilitar a adaptação em cativeiro, O LMA tem optado colocar os animais em dupla no tanque, conforme explica o veterinário do Inpa, Anselmo D’Affonseca.

“O risco da adaptação do peixe-boi em cativeiro ocorre devido ao estresse que o animal sofre devido a separação da mãe e a saída do habitat natural. Deixá-lo com outro animal ajuda a reduzir esse estresse”, disse.

Atualmente, os tanques de peixe-boi do Inpa abrigam cerca de 40 animais. Somente este ano, onze filhotes foram trazidos ao Instituto após apreensões feitas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), número acima da média de seis filhotes recebidos pelo Inpa anualmente.

Para D’Affonseca, o crescimento do número de peixes-boi trazidos ao Inpa pode ser entendido como reflexo da intensificação da caça à espécie, mas também indica uma possível recuperação dos animais no seu habitat natural.

“Este ano o Inpa recebeu um número atípico de peixes-boi. Pode ter havido uma intensificação da caça, mas as apreensões dos órgãos responsáveis acontecem a partir de denúncias de comunitários, o que significa que esse aumento esteja ligado à conscientização da preservação da espécie. Outra hipótese é de que os peixes-bois estejam se recuperando”, relata D’Affonseca.

Filhotes são mais vulneráveis:

A cada minuto, um filhote de peixe-boi sobe até a superfície para respirar. Essa característica fragiliza o animal, tornando-o mais vulnerável à caça que as espécies adultas.

“Os filhotes são mais fáceis de serem pegos pelos caçadores. Essa facilidade, inclusive, faz com que eles sejam usados como isca para que a fêmea seja atraída. Com o período de seca, os filhotes ficam ainda mais expostos e a caça acaba sendo facilitada”, contou D’Affonseca.

O veterinário explicou ainda que no ambiente natural um filhote de peixe-boi não sobrevive sem a mãe. “O filhote que perde a mãe nessa idade fatalmente morre. Em cativeiro, em alguns casos, os filhotes foram adotados, mas no habitat natural isso é improvável até pelo tamanho dos rios. No cativeiro, como o espaço é menor, os filhotes perseguem as fêmeas e elas acabam se acostumando com eles”, falou.

Fonte: Inpa