Editoria: Vininha F. Carvalho 28/11/2008
A Fundação SOS Mata Atlântica acaba de anunciar os selecionados do “II Edital Costa Atlântica”, por meio de seu programa de Conservação das Zonas Costeira e Marinha sob influência do Bioma Mata Atlântica. São eles a Fundação Pró-Tamar com o projeto “Levantamento de subsídios, através de processo participativo, para criação do Refúgio de Vida Silvestre da Praia do Forte, município de Mata de São João-BA”; o Instituto Maramar com o projeto “Articulação Pró Mangue Canal de Bertioga: Proposta de criação de Unidade de Conservação de Uso Sustentável para a região do Canal de Bertioga, Rio Itapanhaú e Manguezais associados – SP”; e a Associação Ambiental Voz da Natureza, que visa o “Diagnóstico da Biodiversidade do Arquipélago Sul Capixaba”.
O Programa disponibiliza um total de R$ 105.000,00 aos projetos selecionados, recursos provenientes do Bradesco Capitalização e da Copebrás-Anglo American.
Com o recurso obtido pelo Edital, a Fundação Pró-Tamar poderá viabilizar alguns estudos, principalmente na área marinha, necessários para criação de Unidade de Conservação (UC) na Praia do Forte e também a mobilização social com todos os atores envolvidos, como pescadores, empresários, poder público e ONGs locais para o fortalecimento da proposta da UC.
O grande foco é garantir os ambientes de desova das tartarugas marinhas, mantendo as características naturais para atrair o turismo, setor bastante promissor na região.
“Estamos trabalhando para a criação desta unidade de conservação há quatro anos e com este edital enxergamos a possibilidade de concretizá-la. Ser contemplado é um grande estímulo ao nosso trabalho, além de viabilizar a criação desta unidade”, diz o coordenador Regional da Bahia Gustave Lopez, do Instituto Pró-Tamar.
O apoio do Programa Costa Atlântica ao Instituto Maramar possibilitará a elaboração de um plano de manejo e o “empoderamento” das comunidades ribeirinhas na gestão das áreas (catadores de caranguejo, marisqueiros e pescadores artesanais) na região do Canal de Bertioga, um braço do mar de 25 km de comprimento, que banha os municípios do Guarujá, Santos e Bertioga.
”Ser contemplado pelo Edital é o reconhecimento dos nossos esforços na região, nesses três anos de trabalho, em disciplinar o uso das águas, pois não é fácil três municípios chegarem num acordo. Esta conquista contribui, também, para trazer de maneira inédita na Baixada Santista atenção a um dos remanescentes de manguezais perto do Porto de Santos”, explica o oceanógrafo e diretor do Instituto, Fabrício Gandini Caldeira.
A Associação Ambiental Voz da Natureza tem como intuito desenvolver estudos estratégicos visando um diagnóstico socioambiental para subsidiar uma nova proposta de criação de UC Marinha no Arquipélago Sul Capixaba, Espírito Santo.
Com o Edital será possível a continuidade e ampliação das ações desenvolvidas pela Associação nas ilhas e comunidades costeiras do litoral Sul do Espírito Santo, onde está sendo proposta a criação de uma Unidade de Conservação Marinha.
O objetivo do projeto é realizar estudos nos ambientes terrestres das ilhas e região costeira adjacente, sendo estes relacionados à botânica, avifauna, herpetofauna, mamíferos terrestres e caracterização sociológica, turística e empresarial da região para a conclusão da proposta de criação de uma UC, que contribuirá para a sustentabilidade da pesca artesanal, atualmente ameaçada, e crescimento de um turismo organizado e consciente.
De acordo com Hudson Tércio Pinheiro, presidente da Associação Voz da Natureza, ter sido um dos contemplados pelo Edital é fundamental para a continuidade das ações e projetos já realizados pela Associação há seis anos no litoral Sul do Espírito Santo. “Para nós, pesquisadores e ambientalistas da Voz da Natureza, é uma grande satisfação e orgulho termos a oportunidade de estreitarmos uma parceria com a equipe da Fundação SOS Mata Atlântica”, diz.
Histórico do Programa:
O Fundo para Conservação e Fomento ao Desenvolvimento Regional nas Zonas Costeira e Marinha sob Influência do Bioma Mata Atlântica (Fundo Costa Atlântica) foi criado para apoiar a criação e consolidação das unidades de conservação marinhas (públicas) e fomentar o desenvolvimento local e regional na zona costeira. O II Edital para projetos com foco na criação ou consolidação de unidades de conservação marinha teve 10 propostas apresentadas. Também neste ano, quatro projetos aprovados no I Edital do programa foram implementados. São eles: “Refúgio de Vida Silvestre do Peixe-Boi Marinho” (Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos – Aquasis); “Apoio à Criação e Planejamento de uma Unidade de Conservação Municipal Marinha em Ilhéus BA”, destinada à preservação do Mero-Canapu (Epinephelus itajara) (Instituto Floresta Viva); “Centro de Informações Ambientais da Estação Ecológica de Tamoios: Contribuindo com a Conservação da Biodiversidade e a Sustentabilidade Sócio-Ambiental da Baía da Ilha Grande” (Sociedade Angrense de Proteção Ecológica – Sape); e “Educação Ambiental no Parque Nacional Marinho e na Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha” (Centro Golfinho Rotador).
“O apoio dos projetos por meio do segundo edital do Fundo Costa Atlântica vem mais uma vez potencializar os esforços para a conservação dos ambientes marinhos e costeiros associados à Mata Atlântica, que embora prestem uma infinidade de serviços ambientais como a produção de oxigênio e pescado, equilíbrio climático, proteção contra a erosão costeira, lazer, turismo entre outros, são pouco valorizados, sofrendo continuamente com práticas irresponsáveis e possuindo baixíssima proteção através de Unidades de Conservação”, destaca o biólogo Fabio Motta, coordenador do Programa Costa Atlântica.
