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Programa do ICMBio prepara reintrodução da ararinha azul na natureza

Editoria: Vininha F. Carvalho 11/03/2008

A reintrodução na natureza de uma espécie considerada extinta é um processo longo, delicado e instigante. O caso da ararinha azul (Cyanopsitta spixii) é um bom exemplo. Depois de oito anos do registro de uma ave selvagem desse tipo, técnicos do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) manejam cerca de 70 exemplares em cativeiro para fazer a soltura, que só deve ocorrer após a identificação e preparação do sítio de reintrodução na área de ocorrência histórica da ararinha, na região nordeste da Bahia, no submédio São Francisco, a cerca de cem quilômetros de Juazeiro. Esse trabalho só deve ser concluído no ano que vem.

Para isso, o Instituto mantém o Programa de Recuperação da ararinha azul, que inclui o Programa de Reprodução em Cativeiro. Coordenados pela bióloga Yara Barros, os programas reúnem mantenedores de ararinhas azuis no Brasil e no mundo e faz o manejo dos cerca de 70 exemplares em cativeiro. As aves estão distribuídas por cinco países: Brasil, Alemanha, Qatar e Espanha, em centros de reprodução que integram o programa.

Manejadas como uma única população, as ararinhas azuis em cativeiro representam a única esperança de recuperação da espécie. O aumento da população é o maior desafio do programa para os próximos anos.

No Brasil, existem oito exemplares, todos em São Paulo. Eles são propriedades da União, sob guarda de duas instituições, e constituem, junto com as aves dos demais países citados, o plantel que dará origem aos exemplares para a futura reintrodução na natureza.

As ações do programa concentram-se no aumento da população em cativeiro de forma genética e demograficamente sustentável, visando futuras reintroduções. As aves que integram o programa passam por avaliações sanitária e genética, que embasam o estabelecimento dos casais. Foi assim que em 2006 nasceram dez animais e, em 2007, outros três.

Para que se possa realizar a reintrodução, será necessário cumprir algumas metas, como o estabelecimento de uma população mínima da espécie em cativeiro que comporte a retirada de animais para a soltura na natureza sem comprometer a viabilidade demográfica ou genética da população.

Também será imprescindível que o ambiente apresente condições favoráveis à sobrevivência das aves reintroduzidas e que a população local esteja envolvida na questão da recuperação da espécie.

A volta à natureza, mesmo estando prevista para daqui a alguns anos, já preocupa os responsáveis pelo programa. O trabalho com as crianças e adultos é importante para que, no futuro, elas se envolvam ativamente no processo de manutenção da espécie.

A combinação de trabalho científico e envolvimento da comunidade é a esperança para que, no futuro, a menor de nossas araras azuis volte a colorir a paisagem brasileira.

Fonte: Instituto Chico Mendes