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Moradores de UCs ajudam no levantamento de dados científicos sobre as borboletas

Editoria: Vininha F. Carvalho 10/08/2007

As borboletas têm diferentes cores e tamanhos, apresentam padrões que podem fazer com que elas sejam confundidas com o lugar onde pousam. A regra também vale para aquelas que possuem cores metálicas e brilhantes. Essas características despertam à atenção de colecionadores, pesquisadores e do público leigo. O tempo de vida delas pode ser de um dia ou até de vários meses.

Algumas espécies têm um importante papel: atuam como polinizadoras da floresta, ou seja, dispersam o pólen das flores e promovem a reprodução das plantas pela mata. Mas como fazer para conscientizar as pessoas sobre a importância delas para a natureza?

Uma alternativa para questão será implementada por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), por meio do projeto “Ferramentas de Difusão do Conhecimento Científico para Otimizar a Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade de Borboletas”.

O objetivo é incentivar os moradores de Unidades de Conservação (UCs) localizadas no Parque Nacional do Jaú (Rio Negro) e Reserva de Desenvolvimento Sustentável Piagaçú-Purús, localizada no baixo Purus, e comunidades vizinhas a ajudarem na conservação da fauna de borboletas por meio de trabalhos de campo em parceria com os cientistas.

A coordenadora do projeto, Rosemary Vieira, doutora em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal de São Carlos e pesquisadora bolsista do Programa de Ecologia, Avaliação e Monitoramento de Florestas Tropicais (TEAM/INPA), explica que a intenção é envolver os moradores no levantamento da biodiversidade de borboletas para que, no futuro, eles trabalhem como guias de turistas, pesquisadores, funcionários de órgãos ambientais e organizações não governamentais (ONGs) que visitam as UCs.

Segundo ela, as informações coletadas serão utilizadas para subsidiar um manual sobre as borboletas de cada localidade, o qual será elaborado com a colaboração dos próprios moradores.

“Ainda não sabemos quantas pessoas estarão envolvidas, mas a idéia é que participem 10 líderes comunitários, os quais, depois, trabalhem como multiplicadores das informações. O envolvimento deles é importante porque nós ficaremos nas UCs por apenas dois ou três anos, enquanto eles continuarão morando no local. O objetivo é fomentar aos comunitários meios para obtenção de recursos, o que é possível por meio da capacitação científica”, destaca.

Ela diz que o projeto é a união de vários esforços: humano, recursos financeiros e de material das instituições participantes, como, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Fundação Vitória Amazônica (FVA), Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS) e Instituto Piagaçu. De acordo com a cientista, algumas delas já possuem trabalhos no local, por exemplo, a FVA.

Além disso, o projeto contará com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), que disponibilizará cerca de R$ 20 mil para compra de equipamentos e material bibliográfico, ao longo dos dois anos de duração do projeto.

A pesquisadora ressalta que o envolvimento dos moradores é importante porque sempre quando as instituições de pesquisa da região têm que realizar expedições, elas precisam de guias, pessoas para abrir trilhas, entre outros.

“Eles sempre nos ajudam, contudo, agora, serão treinados para um trabalho específico, mais técnico, ou seja, aprenderão sobre a importância das borboletas como indicadores de qualidade ambiental.

Os moradores serão orientados como manuseá-las, principalmente, as espécies mais comuns e mais fáceis de serem identificadas. A intenção é que eles trabalhem como guias fotográficos, no ecoturismo, assim como existem os observadores amadores de aves. E, há um nicho de mercado, pois dentro e fora das UCs existem grupos que trabalham com atividades recreativas e científicas”, afirma.

Segundo a pesquisadora, com moradores mais conscientes, os mesmos ajudarão na proteção da fauna de borboletas, conservação do ecossistema em geral e a identificar, até mesmo, espécies mais raras, as quais são difíceis de serem encontradas. Por isso, é fundamental o aparato técnico, o apoio das instituições envolvidas, os pesquisadores, e, principalmente, as comunidades que vivem nas UCs.

“As informações levantadas serão utilizadas por instituições de pesquisa e ensino, pelos órgãos de proteção ambiental para o planejamento das UCs, para turismo ecológico e/ou científico.
Temos o conhecimento da biodiversidade e nosso papel é repassar as informações para quem precisa dela.

Conhecer a biodiversidade é um trabalho de longo prazo, nem sempre são os mesmos pesquisadores que fazem o levantamento, pois sempre mudam as equipes ou instituições, por isso, é importante que a comunidade esteja envolvida e também tenham acesso ao que for produzido”, ressalta.





Fonte: Ascom / Inpa