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Retenção de placenta em fêmeas tem relação direta com nutrição deficiente

Editoria: Vininha F. Carvalho 22/12/2006

Tendo entre suas principais causas alterações no metabolismo das fêmeas bovinas, decorrentes principalmente de deficiências ou desequilíbrios nutricionais ao final da gestação, a Retenção de Placenta (RP) é um dos problemas mais recorrentes na pecuária leiteira na atualidade.

A enfermidade é responsável por queda na produção de leite, problemas reprodutivos e descarte de animais em sua plena fase produtiva, cuja principal conseqüência é aumento nos custos de produção.

No entanto, a retenção de placenta é um problema que pode ser minimizado com a adoção de cuidados relativamente simples no manejo e na alimentação dos bovinos. O período que compreende 60 dias antes do parto e 30 dias depois dele exige da vaca grandes esforços. Isso porque ao término da gestação o feto encontra-se no estágio final de sua formação e sua estrutura óssea demanda grande quantidade de minerais. E, após o parto, a vaca precisa recuperar os nutrientes cedidos ao feto para repor suas reservas e estar o mais rápido possível apta a conceber novamente.

Quando há limitações nutricionais neste período de risco, estresse da gestação, condições ambientais inadequadas (calor ou umidade excessivos), transporte e manejo agressivo, ocorrência de brucelose ou outras doenças de caráter reprodutivo, o metabolismo da vaca sofre uma série de alterações.

No dia do parto o animal tem dificuldades para expelir sua placenta e, quando este processo se prolonga por mais de 12 horas, quadro já caracterizado como RP, invariavelmente a vaca desenvolve quadro de infecção uterina. A conseqüência imediata é a queda na produção de leite, e conforme a gravidade da infecção, os sintomas podem ser: febre, toxemia e redução da ingestão de alimentos. Nos casos mais graves, a infecção pode levar à morte.

Outra conseqüência da retenção da placenta é a demora do animal para recuperar a forma original do útero (processo conhecido como involução uterina). Isso tem como conseqüências a redução da taxa de prenhez do rebanho, queda no número de cios das vacas, redução na fertilidade das fêmeas e no número de vacas em lactação, aumento do intervalo entre partos e gastos maiores com inseminação e medicamentos veterinários.

Além disso, a fêmea que não consegue expelir sua placenta torna-se fonte de contaminação ao meio ambiente e pode transmitir doenças de origem bacteriana ao restante do rebanho.

Para manter afastado este problema, o produtor precisa investir em prevenção, procurando minimizar os fatores de risco. Em primeiro lugar, é necessário estruturar na propriedade um rigoroso programa sanitário de prevenção ou de erradicação das principais doenças.

Também é preciso adequar a dieta dos animais em gestação, bem como das vacas em produção, com as formulações nutricionais ideais para cada uma delas. Atualmente o ajuste nutricional que vem demonstrando melhores resultados é a dieta aniônica na fase de pré-parto (uso de sais aniônicos).

Por último, reduzir de todas as formas possíveis o estresse diário com técnicas de lida gentil e investimento em instalações adequadas.

Os animais já acometidos pela doença podem, na maioria dos casos, ser tratados e, em pouco tempo devolvidos ao rebanho. É preciso ressaltar que em todos os casos um médico veterinário deverá ser consultado. Sem os conhecimentos técnicos adequados, jamais deve-se retirar (puxar) a placenta retida do útero do animal. Isso pode complicar ainda mais o quadro de saúde das vacas. O ideal é tratar os animais doentes com antibiótico de amplo aspecto e terapias adicionais.

O tratamento da retenção de placenta não é simples e pode ter diferenças de caso para caso. Por isso, é importante o acompanhamento de um profissional para definir a melhor estratégia de tratamento. Mesmo com todos estes cuidados, não é possível eliminar completamente a retenção de placenta do rebanho. Mas eles permitem minimizar o problema a taxas de incidência inferiores a 5% das vacas, que podemos considerar toleráveis.



Autoria: Gil Horta - médico veterinário e gerente de produtos para pecuária de leite da Tortuga Cia. Zootécnica Agrária



Fonte: Texto Assessoria de Comunicação