Editoria: Vininha F. Carvalho 15/09/2006
Cientistas americanos estão brigando por causa da identidade de um pássaro filmado em 2004 e tido como o pica-pau bico-de-marfim, que acreditava-se estar extinto.
Pesquisadores de Massachusetts disseram que a interpretação de várias características do pássaro estava "errada". Mas os cientistas da Universidade de Cornell, que identificaram o pássaro, descartaram as alegações.
A descoberta do pássaro em uma reserva no Estado de Arkansas surpreendeu muitos ornitologistas ao redor do mundo e fez surgir a esperança de que outros pássaros considerados extintos pudessem estar sobrevivendo em locais isolados.
David Sibley, chefe do grupo de pesquisa em Massachusetts, disse ter analisado o vídeo, fitas de áudio e outros materiais e concluído que não há dados suficientes para provar que o pássaro é mesmo o pica-pau bico-de-marfim.
Sibley, um desenhistas de pássaros, disse que a postura do pássaro foi interpretada de maneira errada e que ele provavelmente é apenas um pica-pau comum. Ele descreveu o resultado de sua análise como "um chute no estômago".
Mas o pesquisador John Fitzpatrick, da Universidade de Cornell, disse que dados sobre a extensão das asas e sobre o vôo do pássaro levam à conclusão de que se trata mesmo de um pica-pau bico-de-marfim.
Ele disse que os críticos estão usando dados errados sobre o tipo de vôo da ave e estão confundindo detalhes próprios do vídeo com o motivo das penas.
Ornitologistas da Califórnia também questionaram a descoberta no ano passado, fazendo com que a Universidade de Cornell divulgasse fitas de áudio com o canto do pássaro.
As gravações incluíam o som pouco comum produzido pelo bico-de-marfim assim como um tom nasal característico da ave.
Qualquer que seja a conclusão dessa disputa, a possibilidade da existência do pássaro fez com que o turismo aumentasse em 30% em Arkansas e até mesmo um dia do pica-pau foi criado.
Pertencendo ao grupo dos maiores pica-paus, o bico-de-marfim é uma das seis espécies de pássaros norte-americanos que estariam extintas desde 1880.