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Projeto dá esperança a felinos em extinção na América do Sul

Editoria: Vininha F. Carvalho 05/05/2006

Uma nova esperança se abre para dez espécies de felinos da América do Sul que estão em perigo de extinção, graças a um ambicioso projeto de preservação coordenado por cientistas argentinos e espanhóis. O objetivo é manter a diversidade genética destes animais ameaçados mediante o desenvolvimento de biotecnologia reprodutiva e, de forma paralela, iniciar um BRG - Banco de Recursos Genéticos de felinos silvestres sul-americanos.

"O método de trabalho consiste em obter espermatozóides, tecidos e células, conhecer através desse material como funciona a reprodução nas distintas espécies e, finalmente, desenvolver bons protocolos de congelamento para preservar tudo", segundo um dos responsáveis pela iniciativa, o espanhol Eduardo Roldán.

"O que perseguimos é o intercâmbio de genes entre distintas povoações para evitar a perda da variabilidade genética e o aumento da consangüinidade", explicou outra das impulsoras da pesquisa, a também espanhola Monserrat Gomendio.

O BRG será instalado no Zoológico da capital argentina e no Museu Nacional de Ciências Naturais de Madri e seus recursos serão usados para melhorar a reprodução tanto de povoações em cativeiro como daquelas que vivem em liberdade.

Manter a rica biodiversidade da América do Sul é a meta fixada pelos especialistas envolvidos neste programa e, por isso, todos reconheceram que não fecham a porta a nenhuma das tecnologias necessárias para conseguir esse objetivo, incluindo a clonagem.

Para Roldán, esta prática se transforma em muitas ocasiões em um seguro de vida porque permite, por exemplo, guardar as células de um animal que morreu jovem para, posteriormente, intervir na cadeia reprodutiva de sua espécie.

O projeto se centra nos felinos porque são animais emblemáticos, como definiu Gomendio, mas também "muito vulneráveis". "São muito afetados pelas alterações de seu habitat e a redução das espécies que utilizam como presas, além de serem vítimas da caça intensiva devido ao valor de suas peles", afirmou. O jaguar, o puma e o gato andino são algumas das espécies cujo risco de extinção é maior na América do Sul.

Segundo Luis Jácome, da Fundação argentina Bioandina, "a caça intensiva representava o principal perigo para estes animais há alguns anos, mas agora o problema está na perda de espaços naturais como conseqüência das plantações de soja".

São cerca de um milhão e meio as espécies de animais registradas e conhecidas pelo homem e, no entanto, os especialistas calculam que em todo o planeta pode haver entre 15 e 30 milhões de tipos distintos, cujo risco de desaparecimento ultrapassa em muitos casos as extinções maciças de eras passadas.

"Devemos adquirir um compromisso ético com a natureza e conservar, com projetos como este, aquilo que não somos capazes de gerar com nossos próprios meios", comentou Lino Barañao, do Instituto Argentino de Biologia e Medicina Experimental.

Impulsionado pela Fundação BBVA e elaborado graças à colaboração da Fundação Bioandina e do Instituto de Biologia e Medicina Experimental da Argentina com o CSIC - Conselho Superior de Pesquisas Científicas e a Universidade de Castela-La Mancha da Espanha, o projeto suscitou interesse em outros países sul-americanos, como o Brasil e Uruguai.


Fonte: EFE