Editoria: Vininha F. Carvalho 13/04/2006
Uma espécie de papagaio natural da Mata Atlântica e ameaçado de extinção está ganhando sobrevida no Paraná graças a um projeto desenvolvido nos últimos sete anos pela SPVS - Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem. É o papagaio-de-cara-roxa, também conhecido popularmente como papagaio chauá, que figura na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas, elaborada pela IUCN - União Mundial para Conservação da Natureza.
Em 1998, quando a SPVS começou o trabalho, a estimativa era de que existiam 3.500 papagaios-de-cara-roxa no litoral norte do Paraná, na região de Guaraqueçaba e do Parque Nacional de Superagüi. O último censo, contabilizado em 2004, indica que o número de indivíduos da espécie cresceu para 4.900, um aumento de 28%. Resultado direto da intervenção dos pesquisadores, que estão ajudando a preservar a espécie Amazona brasiliensis.
O projeto da SPVS funciona com base no monitoramento da ave, do nascimento à idade adulta, e passa ainda por iniciativas de educação ambiental junto à comunidade. Ainda no ninho, os filhotes de papagaio recebem um rádio-colar, que possibilita o acompanhamento de quando ele começa a voar e a identificação de rotas, locais de alimentação e dormitório, além de verificar a ação de predadores. Os técnicos também monitoram as aves nos principais sítios reprodutivos do litoral do Paraná. Em parceria com o Zoológico Municipal de Curitiba, é feita uma pesquisa desde 2003 para uma tentativa de acasalamento e reprodução.
Patrocínio :
Executado com sucesso nos últimos sete anos, o projeto acaba de ganhar um patrocinador de peso. A Audi do Brasil oficializou, em Curitiba, uma parceria com a SPVS para financiar o trabalho. Até o final de 2006, a marca da multinacional alemã Volkswagen investirá cerca de R$ 100 mil no projeto, segundo o diretor presidente da Audi no Brasil para a América Latina, Frank Segieth,
De acordo com o diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges, a parceria com a Audi será uma garantia de continuidade ao projeto. Antes, as ações dependiam do financiamento do FNMA - Fundo Nacional do Meio Ambiente, do governo federal, e de contribuições voluntárias feitas através da campanha “Adote um Papagaio”.
“O projeto para a retirada de uma espécie da lista de extinção tem que ser a longo prazo. Não dá para começar num ano e parar no outro”, explica, sobre a necessidade de se ter um apoio financeiro permanente.
Segieth revela que a idéia é manter uma parceria a longo prazo. “Não costumamos fazer contratos longos, mas por outro lado não iríamos apoiar um projeto na área ecológica por pouco tempo. Por isso estamos dando um prazo para avaliarmos e, se o resultado for positivo, a nossa idéia é manter por mais tempo o projeto.”
O fato de o papagaio-de-cara-roxa estar entre as espécies ameaçadas de extinção pesou na decisão da empresa de patrocinar o projeto. Em todo o mundo, o único local de ocorrência da ave é uma estreita faixa litorânea que vai do Sul de São Paulo ao Norte de Santa Catarina.
