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Veterinária é torturada por cliente no Rio de Janeiro

Editoria: Vininha F. Carvalho 27/12/2005

Três horas de pânico. Assim resume a veterinária Márcia Lilian Pereira Lima, de 26 anos, os momentos vividos há cinco dias, durante uma suposta consulta domiciliar no Jardim Botânico, na zona sul do Rio. Ela conta ter sido amarrada, ameaçada de morte e obrigada a ingerir o medicamento prescrito para o animal de estimação da advogada Cláudia Marinho, que teria agido com a cobertura da filha Lívia, de 20 anos. Presa em flagrante, a estudante, acusada de agredir, torturar e manter em cárcere privado a veterinária, foi transferida nesta segunda para a Casa de Custódia de Magé, na Baixada Fluminense. Já a mãe dela permanece foragida.

A veterinária relata que, desde o início do mês, vinha recebendo ligações telefônicas ofensivas de Cláudia. Insatisfeita com o tratamento dado à coelha Gia, ela alegava que o animal, assistido por Márcia há cerca de um ano, estava passando mal porque o medicamento prescrito pela veterinária seria tóxico.

"Ela dizia que eu era irresponsável, maluca e incompetente e que iria me processar. Expliquei que, em doses terapêuticas, como eu havia prescrito, o medicamento não trazia nenhum problema. Mas ela se mostrava fora de controle", recorda, afirmando que Cláudia, moradora da Barra da Tijuca, tem um apego desmedido pelo animal, a ponto de dizer que o ama mais do que ao marido e à filha.

Ao atender o chamado forjado, na manhã de sexta-feira, a veterinária tomou um susto quando encontrou a advogada no local. "Não acreditei no que vi. Aí ela disse: ´Você achou que isso ia ficar assim?´ E partiu para cima de mim para me bater", conta, detalhando que a porta do apartamento, onde mora a estudante, foi aberta por um rapaz identificado como Felipe, sobrinho de Cláudia. Segundo a veterinária, a advogada fez ameaças com duas facas na mão e depois cortou seu cabelo com uma tesoura e ameaçou fazer o mesmo com seu rosto se ela não ingerisse o medicamento usado no tratamento da coelha.

"Ela estava transtornada", relembra Márcia, acrescentando que a advogada só decidiu deixar o apartamento depois que ela pediu desculpas pelo suposto erro no tratamento do animal. Cláudia, então, saiu levando a estagiária Gabriele Fontenele, que acompanhava a veterinária e ficou o tempo todo sob vigilância de Felipe.

O rapaz também saiu, deixando Márcia e Lívia sozinhas. Liberada, a veterinária ligou para o namorado, que acionou a polícia. "Eles (os policiais) chegaram rapidamente ao prédio, subiram e encontram os meus cabelos e restos do medicamento no apartamento. Aí prenderam a Lívia em flagrante".

Durante o tempo em que permaneceram a sós, a estudante teria dito desconhecer o que a mãe faria. "Ela disse que a mãe queria apenas dar um susto". Márcia, no entanto, não consegue acreditar que Lívia tenha dado cobertura para os atos da mãe apenas por pressão. "Se estivesse sendo coagida, podia muito bem ter segurado a mãe junto com o rapaz, para evitar o que aconteceu", diz, contando ainda que a advogada disse que poderia sair do País e pagar alguém para matá-la. O Estado ligou várias vezes para o celular e para o telefone da casa da advogada, mas ninguém atendeu e nem retornou as ligações.