Editoria: Vininha F. Carvalho 02/08/2005
Um dos maiores desafios para os especialistas em comportamento
animal é entender por que alguns indivíduos exibem sinais de
homossexualismo. Como entre os animais o sexo ocorre sempre com
finalidade reprodutiva, a prática de homossexualismo é rara e difícil de estudar.
Agora, pela primeira vez no mundo, cientistas documentam a
prática homossexual fora de cativeiro entre os golfinhos do arquipélago de Fernando de Noronha.
Mais que mera curiosidade, a pesquisa poderá revelar mistérios do
comportamento desses animais, abrindo caminho para programas de
conservação mais eficientes para os ameaçados cetáceos.
Segundo os pesquisadores do Centro Golfinho Rotador, em Fernando de Noronha, as atividades sexuais dos animais fora do período reprodutivo têm como finalidade pura e simplesmente o alcance do prazer sexual.
Já observamos 21 golfinhos na região praticando o homossexualismo,
oito dos quais limitando-se ao sexo oral. Do grupo estudado, fazem parte machos e fêmeas.
O comportamento dos machos, no entanto, é mais fácil de
ser estudado porque seu aparelho genital é externo e melhor observável, explica José Martins,coordenador do centro, que desenvolve o estudo em parceria com o Ibama.
O que mais impressionou os estudiosos são os intensos movimentos
corporais dos animais antes e durante o ato.
A pesquisa indica que a prática do sexo é facilitada pelo fato de os golfinhos andarem em grandes grupos. Na Baía dos Golfinhos, por exemplo,eles chegam diariamente em grupos de cinco a 1.200 indivíduos.
